Psicologia do Testemunho: dos Primórdios à Atualidade

Autores

  • Mariana Stuart Nogueira Braga Doutoranda em Direito Processual Penal pela PUC – SP. Mestra em Direito Processual Penal pela PUC-SP. Especialista em Direito Penal e Processo Penal pela PUC/SP. Bacharel em Direito pela PUC-SP. Advogada. https://orcid.org/0000-0002-4610-3182
  • Evani Zambon Marques da Silva Professora de Psicologia Jurídica na PUC-SP (graduação e mestrado). Mestra e Doutora pela PUC – SP. Psicóloga Judiciária do Tribunal de Justiça de São Paulo (1987-2018). Autora de livros e artigos na área interdisciplinar Psicologia e Direito. https://orcid.org/0000-0001-9863-9678

DOI:

https://doi.org/10.19135/revista.consinter.00013.10

Palavras-chave:

Psicologia do testemunho, Falsas memórias, Depoimento, Reconhecimento pessoal

Resumo

O presente artigo visa tratar da Psicologia do Testemunho demonstrando a contribuição científica trazida ao Direito, em especial, quanto aos problemas relacionados à veracidade dos testemunhos e aos reconhecimentos pessoais, desvendando o fenômeno das falsas memórias.

Assim, a hipótese a ser considerada é se a Psicologia do Testemunho traz critérios científicos para a colheita do testemunho e do reconhecimento pessoal, e, consequentemente, a possibilidade de diminuição dos erros judiciais e da condenação de inocentes.

A metodologia utilizada neste artigo foi a revisão bibliográfica. Para tanto, passa-se a abordar marcos iniciais acerca da Psicologia do Testemunho, como foram desenvolvidos pela ciência com os diversos experimentos e constatações. É importante verificar como funciona a memória humana e o que podemos esperar dela no âmbito dos depoimentos em sede policial e judicial, até chegar à análise do instituto das falsas memórias.

Em seguida, tratou-se do panorama estabelecido pelo Código de Processo Penal acerca do depoimento das vítimas e das testemunhas, bem como do reconhecimento pessoal. Nesse momento, buscou-se demonstrar a distinção existente entre o regramento do Código e a prática, refletindo em potenciais erros judiciais.

Por fim, seguem sugestões trazidas acerca de qual seria a melhor forma de realizar o depoimento de vítimas e de testemunhas, além do reconhecimento pessoal, à luz da Psicologia do Testemunho e da dignidade da pessoa humana.

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Publicado

2021-12-21

Como Citar

Braga, M. S. N., & Silva, E. Z. M. da. (2021). Psicologia do Testemunho: dos Primórdios à Atualidade. Revista Internacional Consinter De Direito, 7(13), 225–246. https://doi.org/10.19135/revista.consinter.00013.10