A Resolução Online de Litígios (ODR) de Baixa Intensidade e seus Reflexos no Direito Internacional Privado: Uma Análise da Normatividade Polissêmica das Redes Numéricas

Autores

  • Fernando Sérgio Tenório de Amorim Doutor em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE; Pós-Doutor pelo Laboratoire de Cyberjustice, Centre de Recherches en Droit Public, Université de Montréal, Canadá; Coordenador e Professor do Curso de Direito do Centro Universitário CESMAC, AL; Professor da Faculdade Sete de Setembro, BA; Procurador do Município de Maceió, AL.

DOI:

https://doi.org/10.19135/revista.consinter.00002.14

Palavras-chave:

Online Dispute Resolution (ODR), Direito Internacional Privado, Ciberespaço, Jurisdição, Normatividade

Resumo

O caráter conservador do Direito, decorrente da sua necessidade de preservação das estruturas sociais, e a natureza disruptiva das tecnologias de informação e transmissão de dados, que impõe à sociedade novas formas de relacionamento com o real, demarcam a relação nem sempre harmoniosa entre o Direito e a tecnologia. Não se pode negar a existência de uma certa distonia entre a regulação jurídica e o desenvolvimento tecnológico e tal fato conduz à formulação de duas questões fundamentais: é possível estabelecer um diálogo entre o Direito e as novas tecnologias de informação sem que a ausência de neutralidade da tecnologia comprometa a formação de um quadro de regulação específico para o ciberespaço e para a resolução dos conflitos dele decorrentes? Como estabelecer um modelo de regulação online de litígios que enfrente o caráter ubíquo e desterritorializado do ciberespaço, reformulando os tradicionais conceitos de fronteiras geográficas e jurisdicionais tão caros ao Direito Internacional, e, em especial ao Direito Internacional Privado? As respostas encontradas para tais problemas no âmbito interno das ordens jurídicas estatais possuem reflexos nítidos no cenário internacional, em especial quando se está a tratar de relações jurídicas que apresentem uma conexão internacional. Ao contrário do conhecimento científico, do ponto de vista econômico e cultural as tecnologias não são neutras, desenvolvendo-se a partir de suas necessidades utilitárias de adaptação à vida cultural. As possibilidades de utilização dos recursos tecnológicos para a resolução de conflitos são imensas. ODR consiste no uso dos recursos tecnológicos para a Resolução Alternativa de Litígios (ADR). A utilização da inteligência artificial na resolução de conflitos e das ferramentas de Dispute System Design (DSD) transbordam as fronteiras jurisdicionais nacionais, exigindo do Direito Internacional Privado uma revisão dos seus paradigmas e das terorias tradicionais de conflitos de leis e de jurisdições.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALBORNOZ, Maria Mercedes; MARTÍN, Nuria González. Feasibility Analysis of Online Dispute Resolution in Developing Countries. In: Interamerican Law Review, v. 44, n. 1, nov. 2013.

AMORIM, Fernando Sérgio Tenório de. Autonomia da vontade nos contratos eletrônicos internacionais de consumo. Curitiba: Juruá, 2008.

ARAUJO, Nadia de. Direito internacional privado. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.

_____. Contratos internacionais: autonomia da vontade. Mercosul e convenções internacionais. Rio de Janeiro: Renovar, 1997.

BENYEKHLEF, Karim e GÉLINAS, Fabien. Online Dispute Resolution. In: Lex Electronica, v. 10 n. 2 (Été/Summer 2005). Disponível em: <http://www.lex-electronica.org/articles/v10-2/Benyekhlef_Gelinas.pdf> Acesso em 15 ago. 2015.

BRAND, Ronald A. Party Autonomy and Access to Justice In the UNCITRAL Online Dispute Resolution Project. In: Legal Studies Research Paper Series. University of Pittsburg, August, 2012. Disponível em: <http://ssrn.com/abstract=2125214>. Acesso em: 15 jul. 2015.

BRASIL. Lei 13.105, de 16.03.2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em: 12 ago. 2015.

BRASIL. Lei 13.140, de 26.06.2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em: 12 ago. 2015.

CASTETS-RENARD, Céline. Cours Droit de l’Internet. Paris: Montchrestien, 2010.

CNJ. Judicialização da Saúde no Brasil: dados e experiências. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/destaques/arquivo/2015/06/6781486daef02bc6ec8c1e491a565006.pdf>. Acesso em: 08 jul. 2015.

Consumidor.gov.br. Disponível em: <https://www.consumidor.gov.br/pages/principal/sobre-servico>. Acesso em: 21 out. 2015.

DU MARAIS, Bertrand. Autorégulation, régulation et co-régulation des réseaux. In: CHATILLON, Georges (Org.). Le droit International de l’Internet. Bruxelles: Bruyllant, 2002.

FAUVARQUE-COSSON, Bénédicte. Le Droit International Privé classique à l’épreuve des réseaux. In: CHATILLON, Georges. (Org.). Le droit International de l’Internet. Bruxelles: Bruyllant, 2002.

JAYME, Erik. Identité culturelle et intégration: le droit international privé postmoderne. In: Recueil des Cours, Den Haag, 1995. p. 9-267.

GELLMAN, Robert. A brief history of the Virtual Magistrate Project: the early months. Disponível em: <http://www.umass.edu/dispute/ncair/gellman.htm>. Acesso em: 20 ago. 2015.

GUILLEMARD, Sylvette. Le droit international privé face au contrat de vente cyberspatial. Disponível em: <http://www.theses.ulaval.ca/2003/20565/20565.html>. Acesso em: 13 jan. 2015.

GUTZWILLER, M. Le développement historique du droit international privé. In: Recueil des Cours, Den Haag, t. IV, 1929.

ICANN. Uniform Domain Name Dispute Resolution Policy. Disponível em: <https://www.icann.org/resources/pages/policy-2012-02-25-en>. Acesso em: 12 set. 2015.

ICANN. Rules for Uniform Domain Name Dispute Resolution Policy (the “Rules”). Disponível em: <https://www.icann.org/resources/pages/udrp-rules-2015-03-11-en>. Acesso em: 12 set. 2015.

KATSH, Ethan; RIFIKIN, Janet. Online Dispute Resolution: resolving conflicts in cyberspace. San Francisco: Jossey-Bass, 2001.

KATSH, Ethan. ODR: a look at history. In: WAHAB, Mohamed S. Abdel; KATSH, Ethan; RAINEY, Daniel (Eds.). Online dispute resolution: theory and practice. A treatise on technology and dispute resolution. The Hague: Eleven International, 2012.

LAGARDE, Paul. Le nouveau droit international privé des contrats après l’entrée en vigueur de la convention de Rome du 19 juin de 1980. Revue Critique de Droit International Privé. Paris, n. 80, p. 287-340, Avr./Juin., 1991.

LONGWORTH, Elizabeth. Opportunité d’un cadre juridique applicable au cyberespace – y compris dans une perspective Néo-Zélandaise. In: Les dimensions internationales du droit du cyberespace. Paris: UNESCO, 2000.

PEREIRA, Clovis Brasil. Conciliação e Mediação no Novo CPC. Disponível em: <http://www.conima.org.br/arquivos/4682> Acesso em: 08 set. 2015.

RABINOVICH-EINY, ORNA e KATSH, Ethan. Digital Justice: reshaping boundaries in an online dispute resolution environment. In: International Journal of Online Dispute Resolution, v. 1. 2014. Disponível em: <http://www.international-odr.com/first_issue>. Acesso em: 18 ago. 2015.

RABINOVICH-EINY, ORNA; KATSH, Ethan. Lessons from online dispute resolution for Disputes Systems Design. In: WAHAB, Mohamed S. Abdel; KATSH, Ethan e RAINEY, Daniel (Eds). Online dispute resolution: theory and practice. A treatise on technology and dispute resolution. The Hague: Eleven International, 2012.

RABINOVICH-EINY, ORNA; KATSH, Ethan. Technology and Dispute Systems Design. In: Harvard Negotiation Law Review, v. 17:151, Spring, 2012.

RABINOVICH-EINY, ORNA; KATSH, Ethan. Digital Justice Reshaping Boundaries in an Online Dispute Resolution Environment. In: International Journal of Online Dispute Resolution. v. 1. Issue 1. Eleven International Publish 2014, p. 05-36. DOI: https://doi.org/10.5553/IJODR/2014001001002

RANOUIL, Véronique. L’autonomie de la volonté: naissance et évolution d’un concept. Paris: Presses Universitaries de France, 1980.

RULE, Colin. Online Dispute Resolution for Business. San Francisco: Jossey-Bass, 2002, p. 204.

RULE, Colin and SEN, Indu. Online Dispute Resolution and Ombuds: Bringing Technology to the Table. In: Journal of the International Ombudsman Association, v. 08, n. 1, 2015, p. 76.

S.LAKSHMINARAYAN. Juridictions Compétentes et Internet. In: CHATILLON, Georges (Org.). Le droit International de l’Internet. Bruxelles: Bruyllant, 2002.

STRENGER, Irineu. Autonomia da vontade em direito internacional privado. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1968.

SZLAK, Gabriela R. Online Dispute Resolution in Latin America: Challenges and opportunities. In: WAHAB, Mohamed S. Abdel; KATSH, Ethan; RAINEY, Daniel (Eds.). Online dispute resolution: theory and practice. A treatise on technology and dispute resolution. The Hague: Eleven International, 2012.

TRUDEL, Pierre. L’influence de l’Internet sur la production du Droit. In: CHATILLON, Georges (Org.). Le droit International de l’Internet. Bruxelles: Bruyllant, 2002.

UE. Directive 2000/31/CE du Parlement Européen et du Conseil, du 8 Juin 200, relative à certains aspects juridiques des services de la société de l’information, et notamment du commerce électronique, dans le marché intérieur (directive sur le commerce électronique). Disponível em: <http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:32000L0031:fr:HTML>. Acesso em: 10 jul. 2015.

UE. Règlement (CE) 44/2001 du Conseil concernant la compétence judiciaire, la reconnaissance et l’exécution des décisions en matière civile et commerciale. Disponível em: < http://publications.europa.eu>. Acesso em: 06 jul. 2015.

UE Regulamento UE 1215/2012, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de dezembro de 2012, relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria civil e comercial (reformulação). Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/ALL/?uri=CELEX:32012R1215>. Acesso em: 06 jul. 2015.

UE. Regulamento (UE) 524/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho de 21 de maio de 2013 sobre a resolução de litígios de consumo em linha, que altera o Regulamento (CE) 2006/2004 e a Diretiva 2009/22/CE (Regulamento RLL). Disponível em: <http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2013:165:0001:0012:PT:PDF>. Acesso em: 10 out. 2015.

UNCITRAL. A/CN.9/WG.III/WP.105. Règlement des litiges en ligne dans les opérations internationales de commerce électronique. Disponível em: <http://www.uncitral.org/uncitral/commission/working_groups/3Online_Dispute_Resolution.html>. Acesso em: 10 ago. 2015.

UNESCO. Les dimensions internationales du cyberspace. Paris : Economica, 2000.

VALLERERSUNDI, Ana Palacio. In: CHATILLON, Georges (Org.). Le droit International de l’Internet. Bruxelles: Bruyllant, 2002.

WAHAB, Mohamed S. Abdel; KATSH, Ethan; RAINEY, Daniel (Eds.). Online dispute resolution: theory and practice. A treatise on technology and dispute resolution. The Hague: Eleven International, 2012.

WING, Leah; RAINEY, Daniel. Online dispute resolution and the development of theory. In: WAHAB, Mohamed S. Abdel; KATSH, Ethan; RAINEY, Daniel (Eds). Online dispute resolution: theory and practice. A treatise on technology and dispute resolution. The Hague: Eleven International, 2012.

Downloads

Publicado

2016-09-12

Como Citar

Amorim, F. S. T. de. (2016). A Resolução Online de Litígios (ODR) de Baixa Intensidade e seus Reflexos no Direito Internacional Privado: Uma Análise da Normatividade Polissêmica das Redes Numéricas. Revista Internacional Consinter De Direito, 2(2), 343–368. https://doi.org/10.19135/revista.consinter.00002.14

Edição

Seção

Aspectos Relevantes no Futuro do Direito